Apresentação

Quando comecei a me interessar por Software Livre, acho que há 3 ou 4 anos atrás, abriu-se para mim um horizonte muito mais amplo do que aquele composto pelas vantagens óbvias de se optar por estas ferramentas – como o fato dos programas serem gratuitos ou, o melhor de tudo, o fato de poder contar com um sistema operacional estável e seguro...

Inúmeras outras conseqüências interessantíssimas desdobraram-se da opção que fiz pelo Linux, e isso merece ser compartilhado. Em síntese eu diria que deixei de ser um consumidor de software para ser um co-participante de uma ciranda criativa e totalmente afim com o tipo de rumos e alternativas necessárias para a reorganização de nossa sociedade nesse novo milênio.

Tenho uma cachoeira de idéias jorrando desde outras aventuras por mim vividas antes de chegar na praia do software livre.

Neste Blog pretendo registrar o passo-a-passo de uma re-construção que estou fazendo acerca dos caminhos que percorri desde a minha graduação em Antropologia na Universidade de Brasília, ou talvez ainda mais remotamente, até minha chegada ao Software Livre. Tenho o intuito de, na medida em que as idéias forem surgindo - como resultado quase-aleatório da combinação do esforço sistemático de arqueologia pessoal em minhas notas de cadernos de papel, bookmarks, ensaios, lembranças, etc... com a imponderável e imprevisível conjunção de fatores do cotidiano, vividos no presente, no cada dia - ir postando nesse blog, redigindo e registrando meus pensamentos e vivencias nessa nova modalidade de livro .

(nota: outrora diziam “ter um filho, plantar uma árvore, escrever um livro”. Hoje soaria melhor dizer “manter um relacionamento, ser ambientalmente responsável e escrever um web-log”).

Em outras palavras, devo usar esse espaço para divagações a esmo registradas no momento e no dia em que ocorreram, seja porque estou desencavando pedaços de um diário dos tempos em que estive na Agrofloresta de Ernst Götsch, com a galera da Educação Ambiental e/ou da Permacultura, seja porque acabei de me deparar com uma notícia relevante na internet. No final, espero poder chegar a uma espécie de síntese de um bricolage de assuntos bem variados, uma sopa de salada de legumes com floquinhos coloridos das mais variadas procedências. Meu texto há de variar entre o papo vira-lata e a conversa de antropólogo visionário, entre os papos nerd-newbie sobre software livre (sim, conquanto digam que sou um hacker do linux, hahahaha, meu, sou usuáriozão arrastador de mouse que se esforça todo dia pra conseguir se virar com a documentação por vezes muito mal escrita, quando existente, e que mal e porcamente anota os comandos e macetes que aprendeu) à poesias e recados místicos inspirados pelas instruções divinas recebidas do Mestre Jesus na luz do Santo Daime.

Devo graças aos amigos excelentes que tenho, pois tal qual os adimiro e reconheço seus inumeráveis e maravilhosos talentos, por mim parece que guardam tão linda e sincera consideração que não cansaram de me admoestar para que tomasse o rumo certo que me cabe : Escreve, cara !!! São estas doces figuas – José Murilo, Alex Cojorian, Diana Leite, Mariliza Medeiros, Tiago Botelho, Juan Bautista, Henyo Barreto, Juliano Serra, o saudoso e inesquecível amigo Martin Ibañez Novion, Viviane Junqueira, Lídia Balduino, Soraya Fleisher, Andrea Cabral ... e tantas outras que ainda hei de fazer referência no decorrer dessa nova aventura (estejam certos: esta lista de inspiradoras presenças será atualizada constantemente). Peço aos amigos, especialmente estes que me incentivaram a começar, desculpas pelo tempo que demorei para isso. Confesso que talvez o prinicipal obstáculo tenha sido um certo trauma que adquiri com minhas letras ao final da graduação, quando decidi me embrenhar pelas matas e virar bicho-agro, de tão puto que fiquei com a minha suposta incapacidade para escrever. Esta é uma longa história e talvez eu escreva sobre isso um dia. Outro ponto capital que vinha me impedindo era a questão do Motivo para eu me publicar, falar sobre mim para o mundo, deixar gravado no grande cérebro eletrônico rastros da existência confusa de minha individualidade... para quem, por quê, para quê ? Acho que essas perguntas eram, são, justas e eu mereci esse tempo comigo mesmo antes de dar esse passo. Por fim, devo dizer que tenho uma preocupação bem clara em respeito à qualidade do conteúdo e da forma de apresentação desse conteúdo. Sobre o que seria meu blog ? Sobre mim ou sobre coisas que estudo, aprendi, vivi, penso, desejo ? Devo ser objetivo/denotativo ou apelativo ? Ah, as funções da linguagem e as questões da ética náutica (e da Netiqueta) !

Outro ponto importante nessa forma de composição e resgate pessoal compartilhado: sou amante do Jazz porque ele é a expressão musical mais perfeita que eu conheço da mistura saudavelmente ambígua entre a improvisação e a ação premeditada, entre a disciplina clássica, lógica, sistemática e a criatividade louca e absurda do caos, máxima expressão da liberdade individual e entrega incondicional à colaboração orgânica, horizontal, anárquica e totalmente pacífica entre os co-habitantes da espaçonave. Me atendo a este princípio pretendo escrever de maneira livre mas bem orientada, voltada para a colaboração e para a complexificação. É um pouco isso que quer dizer Sintropia – o contrário de Entropia, segundo o Ernesto (Ernst, mencionado acima). Vou falar muito de Ernesto também, porque Ernesto é um Ser Humano excepcional. Deriva da experiência que tive com essa pessoa muitos dos princípios básicos que adoto em minha filosofia de vida e missão auto-assumida em relação à minha existência nesse planeta.

...bem, vamos por partes, ou, ... posts.

Bem vindo !

Marcello Pedroso, vosso anfitrião.